segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Síndrome da Aprovação Automática

Síndrome da Aprovação Automática, ou também conhecida como Lei do Menor Esforço, é o que nós professores presenciamos durante todo o ano nos alunos... É absolutamente incrível como a maioria já incorporou o sistema (aliás, incrível que nada... já era absolutamente esperado). Não precisam se esforçar nem um pouco e já passam de ano. É só sentar a bunda na cadeira que passam, esse é o esforço.
Pior é conviver com alunos adultos que mais do que os pequenos, querem se utilizar dessa (des)vantagem.
Semana passada apliquei avaliações de recuperação a vários alunos. Os pequenos já esperavam que ficariam de recuperação, ficaram meio chateados, mas sabiam que não entregaram atividades e tal. Ou entregaram e tiraram nota insuficiente... Até aí tudo bem...
Fui, então, avisar aos alunos de EJA (ai caramba, meu karma!!) quais deveriam recuperar nota. Um ser humínimo que ficou com nota insuficiente se virou e disse: "Mas como eu fiquei com a senhora? Eu venho todos os dias!! Tem gente que vem menos e nem ficou!"... Mostrei meu diário, com as notas insuficientes, expliquei que apesar de estar todos os dias não quer dizer que ele já aprendeu... Blablablá... Bem elegante, mas na real, minha vontade era dizer: "Não é muito estranho você estar todos os dias e ainda tirar nota insuficiente? Sabe por quê? Você dorme e não presta atenção! Senta a bunda na cadeira e acha que já tá bom!"
Não contente, foi falar com a direção, que me apoiou.
Dia da prova, ele sentou na carteira da minha frente: "Professora, ainda não entendi porque fiquei de recuperação! Tem gente que falta mais que eu e passou!"... Aí eu já estava sem paciência: "Homem, eu já te expliquei. Você tirou nota vermelha, não fez o provão da escola e ainda quer passar sem fazer recuperação??"... Ele fez a prova, com consulta, passou, óbvio. Também não ia adiantar se eu o reprovasse, pois está na 7a. e como não é final de ciclo não reprova. Além disso, mesmo que estivesse na 8a., sua reprovação não dependia apenas de mim, lógico.
Voltei pra casa pensando: Como que não tem vergonha?... Adulto, pai, não fez sua parte e não tem consciência disso. A parte que ele fez e tem plena consciência é a de que deve sentar a bunda na cadeira. Enxerga isto como seu único dever, agora, de pedir os "direitos" ele não esqueceu. Postura que vários alunos já incorporaram desse sistema educacional medíocre: Deveres? Que bobagem! São um detalhe sem importância.

2 comentários:

  1. Me parece que é a derivação lógica de uma certa concepção de escola - tradicional, onde o papel do educando é passivo, misturada a uma certa concepção de pedagogia - moderna, em que o papel do professor é "deixar correr solto", não "impor" nada. É a escola ornitorrinco, escola-nada.

    Eulália.

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  2. Exato. Escola-nada, professor-nada, aluno-nada... Formando sociedade-nada.

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