segunda-feira, 30 de junho de 2008

Sobre o jogo

Gostei muito da postagem da profª Fernanda sobre a greve. Além da qualidade da escrita está bem esclarecedora e ponderada.
Concordo com ela e acho que realizar provas com os professores periodicamente pode ser uma forma de evitar a acomodação e, conseqüentemente, melhorar a qualidade da educação pública. Ao menos, os recém formados terão chance de conseguir aulas, a despeito de não terem os milhões de pontos por tempo de serviço...

O que também vem me preocupando é que as decisões da secretaria da educação do governo do estado têm se dado na direção de desqualificar totalmente os professores. Acho que o governo vem realizando um movimento de culpabilizar o professor por todas as mazelas da educação pública.

Aumentam-se as obrigações burocráticas na mesma proporção em que a autonomia pedagógica é cerceada. Cabe lembrar um pequeno detalhe: os professores que estão lecionando foram contratados pelo próprio Estado (não entraram lá e decidiram que iam ser professores à força...) e que as regras do jogo vêm sendo estabelecidas e jogadas pelo governo há muito tempo pois o jogo é muito interessante pra ele. Somos mais de 200.000 professores só na rede estadual de São Paulo e para uma gestão negligente é financeiramente "vantajoso" pagar um salário muito baixo para tanta gente - evita "onerar" os cofres públicos. Assim contrata-se apressadamente quem se sujeita a tais condições; e entre estes há aqueles que querem tirar vantagem nesse jogo e se encostam na estabilidade de um cargo público. É muita sacanagem. Um governo sacana que sacaneia todos os professores - e a sociedade como um todo, pois não se tem uma educação de qualidade - e alguns (ou muitos) professores sacanas que sacaneam como podem pois não há conseqüências (para eles). Os maiores sacaneados nesta história são os alunos que, logo que entendem qual é a lógica, começam a sacanear também...

domingo, 29 de junho de 2008

Sobre a greve...

Os professores estaduais, através da última assembléia feita na Av. Paulista, mantêm a greve até a próxima sexta-feira, 04/07. Ela começou em 16/06, e o motivo maior foi a implantação de um decreto baixado pelo governador Serra que determina a obrigação de professores OFAs (ACTs – não concursados – ou melhor, as FOFAs, como me disse uma professora FOFA) passarem por uma avaliação anual para escolhas das aulas (hoje em dia, o critério de classificação é o tempo de serviço, onde quem tem mais pontos fica melhor colocado, mas com a prova, o critério mais importante será a pontuação de acertos na prova), e também regulamenta quais professores efetivos podem pedir remoção de uma escola pra outra ou se transferirem periodicamente (através do tal “artigo 22”) de sua escola sede pra outra.

Lógico que é sabido por qualquer um com o mínimo de consciência crítica, que o governo Serra tomou várias medidas que pioraram a situação da educação, como o fim da Bolsa Mestrado; proibição de sair com os alunos para quaisquer aulas-passeio, somente as que estivessem no planejamento da SEE – ex.: em comemoração aos 100 anos de imigração japonesa, poderíamos levar os alunos a museus com exposição sobre o tema; três anos sem aumento salarial; implantação de cadernos com aulas feitas e, em sua maioria, inviáveis para serem lecionadas com salas gigantescas; implantação de jornais para “recuperação” dos alunos em 40 dias, sendo que a progressão continuada (seria melhor, regressão pedagógica continuada) fez um estrago gigantesco de anos e anos e não seria em 40 dias que os alunos se recuperariam…; todo esse novo projeto educacional teve gastos exorbitantes para os cofres públicos. Enfim, tantos são os exemplos do sucateamento da educação desde o governo dos tucanos, e com piora no governo Serra. Tudo de nosso conhecimento e nossa desaprovação.

Mas, o que enraiveceu os professores ainda mais foi o tal decreto acima mencionado. E a greve começou por causa do decreto. A primeira bandeira da greve é a revogação do decreto.

Na rede estadual existem 230 mil professores com aulas e 17 mil eventuais. Dos 230 mil, 130 mil são efetivos e 100 mil são OFAs, pensem como a maioria dos OFAs ficou ao saber que tinha que fazer a tal “provinha”!! Muitos que estão no estado há mais de 15 anos e nunca se esforçaram pra estudar um pouquinho mais para passarem num concurso! Não é só esse o problema da educação estadual, mas é um dos problemas, com certeza. Por isso concordo com o decreto… Provas anuais sim e concursos periodicamente, pois contratar 100 mil de uma vez é inviável. Há no decreto também a questão das remoções, mas neste post prefiro me ater apenas à prova pra OFAs.

Convenhamos: PROVA PRA OFA?? UFA!!!!! Leiam o que achei numa comunidade de professores do estado de SP em que eu era persona non grata. Atentem para o domínio da concordância entre as palavras de uma professora OFA:

“25/06/2008
Vamos ser sincero, é o Fim da GREVE
Essa mudanças só beneficiaram os Efetivo.Foi decretado o fim dos OFAS, mesmos quem passar nessa prova não terá aulas.O estado fará concurso para carga horário de 10hs.Sendo assim, quem passar nesse concurso vai ficar com o restante das aulas.Existe escolas com 16,18 aulas e ñ é possivél formar cargo.As mesma antes ficava à Carga Suplementar e OFA. E agora adeus!Sou OFA, e estou extremamente afrita!”


Não sou nunhuma expert em português, mas isso que está acima é um absurdo!! A moça está “afrita”, e os alunos que têm aula com ela, fritos, coitados. Meu Deus! É demais! E essas peças sentem-se apenas vítimas do péssimo sistema educacional estadual!! Gritam, inflamados: “Temos que manter a união dos professores”!!! Não se sentem responsáveis e só culpabilizam o governo. São massa de manobra da APEOESP e de partidos ligados a este sindicato. As assembléias parecem mais comícios... Bandeiras de Conlutas pra cá, de CUT pra lá...

Não me sinto de lado nenhum… E ainda ouço que andam a falar de mim na escola: "Nossa, a F., contra a greve? Não acredito! Ela que deveria encabeçar a greve, é professora de História!!"... É mole? Estou perdida que nem cego em tiroteio. Não perdida com relação às minhas reflexões e convicções sobre a educação e sobre esses últimos dias de greve, mas perdida sem ter um sentimento de pertencimento a uma classe. É dureza. No entanto, fico bem melhor às quartas-feiras... Aí sinto que pertenço a um grupo, por menor que seja.

Vida longa às nossas quartas-feiras!!

terça-feira, 24 de junho de 2008

UMA DIRETORA CHAMADA NINGUÉM

Olha, nós não estamos sendo omissos. Como vocês podem ver, através do registro destes termos de visita do supervisor, das centenas de denúncias na Ouvidoria, nós já sabemos de tudo isso: faltas, não cumpre horário, não assina o livro de ponto, é omissa; não trata com respeito à comunidade, colegas de trabalho. E não é só isso: prestação de contas atrasada, envio de documentos sem assinatura. Nós sabemos de tudo. E, enquanto diretoria de ensino, todas as providências foram tomadas. Só para ter uma idéia, isso já está nas mãos da Secretaria de Ensino. Na comissão de sindicância. A diretora está com três processos nas costas. Agora, é ir com calma. Tenham paciência e façam a sua parte: trabalhem. A gente sabe que é difícil, ela tem um cargo super importante, é fundamental no desenvolvimento de todo o processo pedagógico, na administração e organização do trabalho da escola mas, essa situação não é para sempre. O processo só está correndo há dois anos, temos talvez mais uns três aí pela frente, não é? Até lá, infelizmente, ela continuará no cargo, de certa forma fazendo o que bem entender, recebendo salário, bônus, licença premium mas, uma hora a casa cai. Porque é assim que as coisas funcionam. Mas, continue firme, professor. Não desanime. Acredite, a justiça é pra todos. E eu aviso aos diretores: trabalhem direito. Façam bem o seu trabalho porque eu não encubro nada. Eu não passo a mão na cabeça de Ninguém. Não arrisco o meu pescoço. E sou justa. Se tem uma coisa que eu acredito piamente é que Ninguém está acima da lei, não é mesmo?

QUER SABER COMO FOI ONTEM, NA REUNIÃO? VOU EXPLICAR COM ESTE PROJETO DE LEI:

Lei Complementar 60.157 - 13 de Julho de 2008

Dispõe sobre a moralização do serviço público, para ver se com os seus filhos matriculados e estudando nas escolas públicas, os servidores passam a ter maior vergonha na cara e trabalham adequadamente, para todos:

Artigo 1º - A partir desta data torna-se obrigatório que todo servidor público, independente de função ou cargo, está obrigado a matricular seus filhos e filhas em escolas públicas, estaduais ou municipais.

I - os servidores públicos que tiverem filhos na rede particular têm um prazo de 03 (três) meses para providenciar a regularização.

II - os infratores sofreram afastamento do cargo, suspensão do recebimento dos provimentos, podendo ainda serem processados de acordo com a Lei 10.261/68.

Artigo 2º - Ninguém está acima da Lei.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

PRESENÇA SENTIDA

A Diretora da minha escola vai todos os dias trabalhar, pontualmente. Ela gosta de tudo certinho, gosta de cumprir as recomendações de seus superiores, de fazer as coisas da forma mais correta e transparente possível.
Ah! Ela adora cachorros. Tem muitos na casa dela, ajuda instituições que cuidam de cachorros abandonados. Ai de quem falar mal de cachorro perto dela...
Só que ela tem um probleminha, não gosta de gente. Sempre diz: "Não quero saber de aluno aqui" [se referindo ao primeiro andar, e no segundo andar ficam os alunos]. Outro dia, durante o início do ensaio da quadrilha, as crianças fizeram uma zoada no corredor e foi o suficiente para ela finalmente sair do gabinete ordenando "Se em 15 minutos não tiver ordem, quero todos de volta pra sala de aula".
Pois bem, semana passada foi a vez de anunciar uma possível antecipação do seu desejo de acabar com as salas ambientes (que desde fevereiro ela não engoliu). Como ela sobe muito raramente aos corredores das salas de aula do andar superior, a ponto de estranharmos quando a vemos, aconteceu dela presenciar uma troca de aulas tumultuada pela falta de inspetores no corredor, visto que estão cuidando de outros intervalos. Já começou a dizer que esse negócio de sala ambiente não dá certo, que vira bagunça, que os alunos demoram para entrar na sala (veja como é insuportável para a pobrezinha ver seres humanos andando, falando, respirando perto dela) e que É melhor sala convencional. Eu, muito diplomaticamente, com o auxílio de uma colega, expliquei que sem inspetores nos corredores, mesmo com salas convencionais, eles sairiam da sala de aula e demorariam a voltar... Mas, é mais fácil acabar com as salas ambientes do que tentar arrumar o barraco.
Neste caso, não sei o que é pior, uma ausência sentida ou uma presença sentida.

Sobre Meter Colheres

O prédio do colégio tem seis lances de escada. Cada degrau que o menino desceu – um por um, com suas pernas curtas -, ressonou como o tic-tac de um relógio: Seu pequeno cronômetro pessoal marcava a, infeliz, contagem regressiva. Lá em baixo já havia o som da boca da professora - não o das palavras que soltava, lançadas aos ouvidos da mulher já nervosa; mas o som diminuto de cada gotícula de cuspe, dessas que fogem do estômago em momentos de discurso inflamado. Como uma espécie de dinâmica fisiológica, cada reclamação emanada, vazava áspera pelos tímpanos da mulher frente à escada, e assim, logo transformava-se em algum tipo de material etéreo, que deixava os olhos dela cada vez mais vermelhos. Três, dois, um: O pé do menino no chão, a mão de sua mãe em seu rosto. Numa situação delicada, não é difícil presumir a necessidade de um bom primeiro argumento. O dela foi um forte, muito forte, tapa na cara. O som ecoou no hall de entrada, alto como bombinha. Além dos dedos tatuados na bochecha, o menino, sem tirar os olhos da mãe, notou a energia dos olhares em sua volta: Uma atmosfera omissa, que só reverberava o som daquele ato. Foram cerca de dez minutos de gritos a um palmo de distância do rosto, de socos e tabefes, nos braços e na face; mais que isso: Na alma. Ficou claro quando, finalmente, o inevitável aconteceu. Uma pequena e tímida lágrima caiu do cantinho de seu olho esquerdo, deslizou pela bochecha, bem breve, ao cruzar seu rosto. Depois de seiscentos segundos...

Será que ele não vai mais matar aulas? As conseqüências desse ato, tenho certeza, irão muito além da hora da chamada. Eu mesmo, que apanhei quando pequeno, sinto hoje vontade de resolver isso na porrada. Reflexo. Mas como eu poderia explicar praquelas duas?

- Senhoras, não; isso não é, como se diz?... Pedagógico.

Uma é a mãe, a outra a professora...

DESEJOS

Hoje eu queria:
- ter dormido até mais tarde;
- ter acordado encochado - ou encochando - a minha namorada;
- ter tomado o café com leite da mamãe;
- ter entrado na sala de aula com meus alunos;
- ter dado a melhor aula de minha vida.

Mas hoje eu acordei cedo. Sozinho. Não tomei café, não teve aula na escola e, pra ajudar, tenho uma reunião com a Dirigente de Ensino para decidir o nosso destino. Não o meu e o dela. O meu e o dos alunos e alunas da minha escola.

Estou tremendo. E não sei se é do frio.

domingo, 22 de junho de 2008

Paz no bairro educador

A caminhada pela PAZ deste ano teve como tema o Heliópolis como um bairro educador. Um bairro educador...
Bom, durante o percurso pelas vielas do tal bairro educador várias pessoas, de várias entidades, faziam o uso da voz com um microfone oferecido pela organização da caminhada. Era um tal de "pelo direito de livre expressão", "por um bairro sem discriminação contra homossexuais", "paz, paz, paz"... Aquilo já estava atingindo meus nervos. Pensando, comecei a elencar os principais problemas relacionados à falta de PAZ dos nossos alunos. Grosseiramente surgiram dois, a partir dos atendimentos quase diários aos "responsáveis" chamados na escola: a violência cometida contra as crianças (física, sexual, moral, etc.) e a violência contra as mulheres.
Quebramos mais algumas vielas e nada de ninguém sequer mencionar alguma palavra sobre. Pois foi quando a mulher com o microfone passou do meu lado (um cara tinha acabado de falar ao microfone "Eu amo o Brás!!!") e resolvi falar sobre o incômodo.
"Gostaria que todos pensassem em como efetivamente acabar com a violência contra as crianças e as mulheres..." Um silêncio se fez e depois uns gritos de "É isso aí!" o quebrou.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Makarenko e Santo Antônio

Dia treze, por sinal, sexta-feira treze. Do ponto de vista pessoal, um dia muito estranho, vá lá, um dia de bruxa, como se diz. Mas pra quem já é meio bruxa, não pega nada. Vem o que tiver que vir, e a gente traça!
Queria era contar mais uma façanha da minha venerada mestra - a que eu chamo de diretora da minha escola. Festa junina, no dia de Santo Antônio - só para as crianças e para a gente!!!
Sem os pais, sem a comunidade, sem as bebidas alcoólicas, o tal do bingo, sem a loucura. Sem nenhum fim lucrativo - levantar verba para a APM fazer isto ou aquilo, não, ao contrário: a APM gastou uns mil reais para comprar prendas e brinquedos, que as crianças levavam nas brincadeiras. Comiam pipoca. Apresentavam-se (sim, as mães que pudessem estar presentes eram aceitas como platéia. Só.) Foi tãããããão divertido. Festa, mesmo. Nem sei se do outro jeito dá para ser legal, até acredito que sim. Mas a questão é: desse jeito, não tem erro: é matematicamente impossível juntar todas as crianças na escola, num dia sem estudo, com brincadeira, doce e música, e não ser muito legal. Impossível. Ainda por cima, Santo Antônio mandou um dia lindo. Pronto.

Então, assistindo às apresentações, encostei na camarada professora de português (ela é brava, mas eu gosto muito dela. Acho bolchevique), e comecei a conversar sobre a escola. Estava comparando com outros lugares onde havia trabalhado, aliás a propósito de uma pergunta que ela mesma me fez: "Eulália, você trabalhou lá naquela EMEF em tal bairro, como é..." Assim. E eu, dizendo que todas as boas intençoes pedagógicas e esquerdistas que reinam por lá são absolutamente inócuas, porque a educação é inócua sem a primazia da disciplina para o conhecimento, sobretudo no caso dos adolescentes. A professora vira pra mim com uma expressão entre desconfiada e reprovadora (já disse que ela é brava). Eu prossigo: "Camarada professora, você conhece o Poema Pedagógico, livro de um educador soviético, o Antón Makarenko? É um relato sobre uma colônia para menores na Ucrânia revolucionária da década de vinte..." E fui dizendo como ali, e já naquela época contra toda a literatura pedagógica, aquele educador assumiu em seu coletivo a necessidade de disciplina como eixo da educação. Ia começando a acrescentar que num contexto de comprometimento a disciplina não é violência, mas sim a ausência dela, e que em nossas escolas o que se observa é uma disciplina vazia de sentido, cruel e covarde para com as crianças enquanto elas são mais fracas (leia-se os pequeninos, justamente aqueles que ainda não poderiam ter maturidade para um autodisciplinamento, ficando à mercê de todo tipo de violência vinda dos adultos e tornando-se depois seres resignados ou rebeldes, em todo caso, não disciplinados para o conhecimento). Bom, ia eu desenvolvendo tão instigante exposição, a julgar pelo olhar da professora, que alguns minutos antes era de desconfiança e agora passava a um certo desespero por sair dali, quando fomos interrompidas, para alívio da minha honorável interlocutora, pela moça do correio elegante. A primeira coisa que eu disse, vocês já podem imaginar:

-Não acredito! Como se vocês já não paquerassem o suficiente, agora a escola resolveu incentivar!!
-Não, professora, não foi a escola, não. É a gente mesmo que resolveu recortar cartolina e está brincando...
(Sorri. Achei muito legal.)
- Tem um correio elegante anônimo para vocês...
(Aí, a professora de português olhou a letra:)
- Anônimo, Luana? Mas essa é a sua letra!
- As pessoas falam e eu escrevo, minha letra é bonita.
(Nós duas, as adultas:)
- Ahhhhhh.

A Luana vira e vai embora, com seus coraçõezinhos que têm tanto amor, bem mais do que eu gostaria que tivessem...
Eu e a camarada olhamos os recados, com um certo receio, que nesta profissão tem que estar preparada para tudo, sabe...
O teor dos dois recados, para as duas professoras, é exatamente o mesmo:
"Professora, te adoro. Quando você briga comigo, meu coração dispára." E o outro:
"Professora, quando você me dá uma bronca, gosto mais ainda de você".
A camarada não queria admitir, mas é muito mais disciplinadora do que eu (aliás, é por isso que eu gosto dela, lógico.)
Então, só pra acabar, eu disse:

- Você viu? Nossos alunos, de acordo com Makarenko.

domingo, 15 de junho de 2008

Teve bão...

Dom Rodrigo, teve bão. Não conhecia nada daquilo, desde os poetas da periferia, suas diversas propostas, até Aline Reis, aquela moça maravilhosa, com suas composições maravilhosas, de quem eu senti muita vontade de beijar os pezinhos. Quase fui. Seu livro, sua literatura, já tinha a sorte de conhecer, me identificar, me emocionar com ela. Minha filha disse, quero espalhar, que "O Rodrigo estava muito bonito no palco. Ele sabe falar muito bem no palco." Enfim, essas coisas. Na Cooperifa, ainda não vou poder ser freqüentadora assídua, minhas quartas estão comprometidas com o EJA (Que maravilha!). Mas, como disse uma pessoa bonita, vou tentando levar uma energia boa pra esse povo, que esse povo precisa. Ter estado lá, estar por perto desses artistas, ajuda muito.

sábado, 7 de junho de 2008

TE PEGO LÁ FORA - CONVITE


Durante muito tempo não soube o que fazer para sobreviver dentro da escola. A questão primeira colocada foi esta: sobreviver. Ao medo, a insegurança, a auto-repressão. Sobreviver a permanente sensação de não estar fazendo um bom trabalho, apesar do preparo e da dedicação. Nunca era bom. Nunca era o suficiente.


Isso não bastasse, haviam outros problemas: diretores inexistentes, professores que só faltavam, projetos goelabaixo dos governos que só governam por decretos; escolas sem lousas, sem salas, sem giz. Escola de grades e muros. Sem humanindade. O fim.


A luta, a labuta diária dentro e fora da escola não me bastavam. Quando chegava em casa, a cabeça girando, a escola me invadindo, não me permitiam colocar a cabeça tranquilamente no travesseiro e dormir. Como se a culpa de o aluno estar na quinta-série e não saber ler e escrever fosse só minha. Como se a culpa de o aluno abandonar a escola por não ter incentivo e apoio dos professores e em casa fosse apenas minha. Como se a culpa de o mundo ser deste jeito fosse apenas minha. Eu me sentia culpado. E não conseguia nem dormir.


A solução, parcial, foi escrever. Sentava em frente o computador, abria o meu "Diário de Bordo" e escrevia. Histórias, histórias. E relaxava um pouco. Com o cansaço e os escritos, já dava até pra dormir umas horinhas. Se preparar para o próximo dia e seguir.


E tanto escrevi histórias - e foram tantas - que resolvi escrever estórias. Brincar um pouco com a minha dor. Pra ver que ela não pode ser assim tão grande. Não a ponto de me dominar. Me enfraquecer. E fui mexendo em uma palavra aqui. Mudando todo um parágrafo lá. Transformando as histórias que eu fiz em poemas. Alguns contos. E mostrava para as pessoas. Para compartilhar um pouco das angústias, da dor. Para ver se alguém apontava alguma luz - ou escuridão? Queria uma solução. Que mudasse esta realidade: a minha vida e a escola em que vivemos.


Como disse, foram tantas as estórias que resolvi juntar algumas. E colocá-las em formato de livro. E, resumidamente, assim surgiu o TE PEGO LÁ FORA. Escritos de dor e angústia. Revolta e dor. E uma pontinha de esperança. Pois as pontas das páginas estão repletas de crianças. E elas são as melhores coisas que existem. São para elas que nós, adultos, existimos.


O lançamento é nesta quarta-feira, no santuário da poesia: a Cooperifa. Todos estão convidados. Ou melhor, quase todos. Dispenso a presença de educastradores, burocratas e da diretora da minha escola. O restante, todos são bem-vindos. Principalmente os amigos. Aqueles que me apoiaram, fizeram eu desistir do corte da lâmina no pulso e partir para a navalha-caneta.


As vezes penso que o lançamento deste livro não é motivo de festa. O que se há para comemorar, com um livro deste que retrata a nossa deseducação? Diria que nada. Há pouca coisa no livro para se comemorar. Preferia inclusive não tê-lo escrito pois preferia que as coisas que lá estão não tivessem acontecido. Mas aconteceram. E só o Cara lá de cima sabe o quanto eu sofri quebrando a cabeça tentando resolver os problemas. Não aceitando que estas coisas fossem comuns. Fossem assim, como muitos dizem, "normais". Então, vou comemorar o meu livro sim. Não por ele. Ele não vale a comemoração.


Vou comemorar o livro pois eu vou celebrar a vida. A minha. Escrevê-lo me deu sobrevida. Esperança. E mais gana para ficar, incomodar, transformar e escrever.


Agora que eu tô pegando o jeito, de lidar com os problemas e buscar soluções, acredito que em breve páginas melhores virão.


A quem me quer bem, um abraço forte,



Rodrigo Ciríaco

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Quando a gente pensa que já ouviu de tudo...

Tem uma professora na escola onde leciono que encontro esporadicamente, na cozinha anexa à sala dos professores. Sempre achei estranho ela passar os vinte minutos de todos os intervalos falando ao telefone e dando altas gargalhadas. Ela tem uns papos desconexos, fala umas coisas que a gente fica com cara de "Ahn?". Álém das aulas na escola pública, ela trabalha numa escola particular, onde seu filho de 3 anos por sua vez estuda.
Os alunos já vieram reclamar para mim (por que será?) que esta fulana não "explicava a matéria" e pediu respostas na prova que ela não havia ensinado em aula. Orientei os menores a procurarem a direção pessoalmente, ou então, pedir para que seus responsáveis o fizesse.
Ela faltou três semanas seguidas sem dar nenhum tipo de satisfação para a escola.

Pois bem, não é que esta semana descubro que ela utiliza também o tempo da aula para falar ao celular!!!!! E não é um minutinho, é a aula INTEIRA!

Os alunos começaram a chacoteá-la: "Professora, a fulana [referindo-se a alguma possível autoridade] está vindo, desliga o celular!", ou então "Pegou, pegou!". Aí fiquei lembrando de todas as brigas que tive com os alunos para guardarem e desligarem o celular e a fulana batendo altos papos durante a aula.

E quando eu pensei que já tinha ouvido tudo, vem o pior: outro dia, disse a fonte, a bateria do celular dela acabou e ela emprestou o celular de um aluno e continuou a falar. Certamente ela não faz isto no outro emprego.
Então a coisa funciona assim: o professor chega na escola, assina o "ponto", se arrasta até a sala de aula, fica batendo papo no celular e depois vai embora. Institucionalmente, para tirar um professor desses da sala de aula só com morte, e mesmo assim a professora pode alegar que estava na TPM. Supondo que a exoneração ocorra, é outro problema arrumar outro professor para colocar no lugar e enquanto isso os alunos ficam sem aulas.

O que fazer com nossos colegas? E com a instituição?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Caminhos...


Achei interessante esta publicação na data da morte da professora. A despeito de todo o populismo que está sempre presente na imprensa local, penso que aqui o que está sendo dito é, simplesmente, o óbvio. Eu e a minha prima já iniciamos algumas reflexões no campo da lingüística para entender a necessidade da imagem na alfabetização de massas. Conforme as teorias dos estágios de desenvolvimento na psicologia aplicada, parece também que a memorização não deve ser desprezada como método didático para crianças em fase de alfabetização - pois a prioridade de estabelecer relações e conexões estaria em uma etapa seguinte do desenvolvimento das pessoas em geral. No entanto, não gosto de pensar que a academia e o poder que dela emana só se curvam à sua própria estrutura argumentativa. Me parece de um grau altíssimo de violência simplesmente erradicar um método socialmente reconhecido por gerações inteiras, e ainda por cima desqualificá-lo como "pouco evoluído", "atrasado" ou, mais diretamente, "pouco científico". O positivismo, me parece, foi criticado no que tinha de contribuição, e continua sendo reproduzido pela academia e pelo poder político no que precisava ser superado - a arrogância do cientificismo. Mas, é sempre bom lembrar, as cobaias da "confraria pedagógica" no Brasil atual são mesmo os pobres.




"Em 1997 Branca Alves de Lima fechou sua editora, surgida com o sucesso da sua cartilha. Na época, em uma entrevista, a professora disse: “Eles (o governo, o MEC e o Guia do Livro Didático, o Conselho Nacional de Educação, as secretarias de Educação etc.) estão projetando, quase decretando, que os alunos não usem mais cartilhas. Mas só ao final de várias décadas é que vai se chegar à conclusão se o construtivismo dá ou não resultados”.Em 1995, a cartilha foi retirada do catálogo do MEC (portanto, não é avaliada), mas mesmo assim cerca de 10 mil exemplares são vendidos por ano. A editora Edipro, atual responsável pela produção da Caminho Suave, conta histórias como a do empresário paulista que comprou 50 cartilhas para presentear os amigos no Natal. A cartilha ainda é vendida para algumas escolas particulares e antigos professores que trabalham com alfabetização de jovens e adultos. Uma distribuidora também envia os livros para o Japão, que são usados por filhos de emigrantes.Para muitos educadores, a vida de Branca Alves de Lima é a síntese de um dos principais males (se não o principal) da Educação brasileira: um enorme desrespeito dos gestores e das políticas públicas educacionais em relação aos professores e professoras, aos estudantes e suas famílias.E a prova disso foi a dificuldade encontrada para levantar dados sobre a educadora. Nenhuma biografia foi encontrada, mostrando que, por mais relevante que tenha sido a participação de alguém, o novo chega não só para substituir o que é considerado velho, mas para alijá-lo da memória, como se nunca tivesse existido."

terça-feira, 3 de junho de 2008

É SÓ TOMAR O REMEDINHO...

Estou cansado. Esgotado. Deprimido.

Infelizmente, vejo que não tem mais jeito. Resolvo ir ao médico.

Digo que está difícil trabalhar na escola. Está difícil acordar todos os dias para ir para a escola. Só para ter idéia, aos domingos, a partir das 17hs, no meio do jogo do domingão é batata: a angústia se instala no peito, a lembrança da segunda-feira fica pulando em cima da cabeça. Merda, não quero ir trabalhar.

E não é preguiça.

Ao invés de dormir até mais tarde, tenho insônias. Acordo mais cedo. Às 04 horas da manhã já estou brigando com a cama, tentando ficar mais um pouquinho. Mas não consigo.

Quando chego na escola, a angústia só aumenta. A sujeira do chão, as marcas do café de dias anteriores sobre a mesa da sala dos professores causam náuseas. Nojo. Separo meus livros, diários, separo meu material de trabalho. Vou pegar o giz e... não tem giz. Resolvo então ir ao banheiro, lavar o rosto, refrescar a cuca. Vou enxugar as mãos, o rosto... não tem papel.

Com as mãos e o rosto molhado, já chateado e sem giz, vou para a sala de aula. Os alunos não tem culpa. Aliás, são os únicos que me dão inspiração, força pra continuar. Chego na sala, entro, bom dia. Vou colocar as minhas coisas sobre a mesa, desisto. A mesa também está suja.

Sete e vinte e cinco da manhã, ainda há alunos no pátio. Não há ninguém controlando a entrada e saída dos alunos. Há quinze minutos estou tentando iniciar a minha aula mas, o barulho de alunos circulando pelo corredor, ouvindo música, gritando, o abre-e-fecha da porta da minha sala não permite. Tenho algumas opções: ir ao corredor e tentar botar ordem na casa – e já me estressar logo cedo numa função que não cabe a mim – ou ignorar e tentar dar a minha aula. Apesar de todo o caos. Nenhuma das opções me satisfaz.

A cada sinal de troca de aula, nem parece que são os professores que devem ir para outras salas. Os alunos saem juntos. E não há ninguém para dizer a eles para ficar em sala, não há ninguém para impedi-los. A cada troca de aula, dez, quinze minutos se perdem até os alunos, todos, resolverem entrar. Ou ficarem no pátio. Se quiser, eles ficam: no pátio, fumando no banheiro, beijando e fazendo azaração nas salas abandonadas. Parece que ninguém liga. A Vice-diretora não tem voz ativa. Os alunos não ligam pra ela. Ela não manda em nada. E a Diretora?

São onze e quinze e a mesma ainda não chegou. Seu trabalho deveria iniciar as 08hs da manhã.

Vou contando toda esta história e dizendo ao psiquiatra que estou frustrado. Ansioso. Com os nervos a flor da pele. A situação me deixa tão irritado que, infelizmente, percebo que já estou descontando nos alunos. Nos meus alunos. Justo neles, que eu não tenho problema. Porque o problema são os alunos fora da sala. Fazendo o que querem. São os alunos que a escola não vê, não enxerga, não controla. Não diz que eles não podem ficar ali, tocando o puteiro. Sem limites. E crianças e adolescentes, sem limites, é perigoso. Qualquer hora alguém vai se machucar. Alguns já estão se machucando. Mas não há ninguém para ver isso. Não há ninguém para ver que a linha que separa o estético do ético é muito tênue. E num ambiente sujo, imundo, os alunos e professores não tem disposição para aprender e ensinar. Não há ninguém para ver que a escola está uma bagunça, desorganizada, alunos agindo como a direção: fazendo o que querem. E que os alunos não estão aprendendo. Os garotos que eu prometi alfabetizar na sétima série não estão sendo alfabetizados. O projeto curricular não está sendo aplicado. Eu estou desesperado, por não conseguir trabalhar direito.

Depois de ouvir muito, o médico abre a sua pasta, retira um caderninho preto, faz algumas anotações e me diz:

- Então, na verdade, o seu problema de estress e depressão está ligado ao seu ambiente de trabalho. Mais especificamente, a sua Diretora, que não trabalha. Se resolver o problema que é trocar a Direção, colocar alguém mais presente, mais competente para trabalhar, seu problema está resolvido?

Eu fico até eufórico, e digo:

- Exatamente, doutor!

- Olha, filho – ele me diz -, então é melhor você tomar este remedinho...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Educador Brigante / Crise Pedagógica

Que, é bem possível, tem a ver com outras crises, tem a ver com dúvidas existenciais de muitas ordens, tem a ver com o inferno astral. Mas queria aproveitar este espaço aqui pra discutir uma crise pessoal que foi semeada no início do ano letivo, quando iniciei a participação no curso "A arte do Brincante para educadores", ficou em repouso, entre uma gestação e uma negação aberta de seu desenvolvimento, mas que agora bateu bem forte e está me incomodando pacas. No espaço Brincante, na Vila Madalena, malgrado minha estupefação diante das aulas, que são maravilhosas, já consegui ficar mal-vista (como de resto, em todo lugar que eu freqüento desde que nasci). É que uma das expositoras, mulher muito inteligente, apresentou paralelamente ao curso de cultura brasileira como que um mini-curso de sua concepção pedagógica. Aquilo me desagradou profundamente. Não a ponto de servir para desqualificar seu trabalho, sua pesquisa, sua pessoa, em última instância. Mas me pareceu, mais uma vez, que toda a crítica que ali se fazia à escola e ao ensino tradicional ignorava dois pontos funcamentais para se pensar a escola pública possível: a questão que o Zé Sérgio levanta da necessidade de se assumir o papel de autoridade, por um lado, e, por outro, mais simplesmente, a questão de classe. Sim, me incomodou muitíssimo, e sempre me incomoda, que qualquer crítica e qualquer alternativa que se pretenda alternativa não assuma como seu o problema da educação democrática e popular. Então, evitei o quanto pude ser desagradável, me restringindo ao ponto do lugar da autoridade, e apenas resvalando na questão de classe quando dizia: "há que se ter em mente o problema disciplinar quando se pensa uma turma de quarenta alunos, que é a turma média da escola pública brasileira...". Dizia isso em contraponto à afirmação de que todo ensino tem que ser lúdico, que a criança deve conduzir o processo, etc. etc. Lembro de chegar a ter dito o que atualmente é o mais próximo da minha opinião: que seria favorável a todo este discurso do lúdico e de uma relação prazerosa com o conhecimento, mas para a educação infantil e os primeiros anos do ciclo I. E que, com o amadurecimento, sim, a criança teria que se acostumar a fazer níveis progressivos de esforço e sacrifício, já que a relação fundante de amor ao conhecimento estaria dada. Mas a prática pedagógica de massa tem sido exatamente o inverso disso - mata na raiz, na primeira infância, qualquer amor ao conhecimento, incutindo uma disciplina vazia de sentido, autoritária e má, e depois, na adolescência, com esta proliferação do discurso "arte-educacional", do lúdico, do protagonismo juvenil, etc., transforma a escola no lugar onde as crianças vão tocar puteiro, e isso também está errado. Pronto. Já entenderam porque eu fiquei mal-quista, né? Bom. O Tatu, na época , me perguntava assim: Bicho, e hoje, como foi lá no "Brigante"? HAHAHA!!! Para minha salvação, teve uma vez que um menino muito gente fina levantou a questão de classe ali. Ele estava puto - que bom, pensei. Como sempre, e como não poderia deixar de ser, veio como resposta a atual panacéia, o emplastro brás cubas de qualquer problema social contemporâneo: "Estamos inaugurando uma O.N.G...." (Vou escrever sempre assim, com pontinhos entre as letras, para parecer O.V.N.I., que pra mim é muito parecido mesmo). Eu não disse nada. Falar o quê? Além do mais, muita gente boa trabalha em O.N.G., assim como muita gente boa trabalha na televisão, no rádio, no supermercado, na padaria, em casa de família, etc. Mas se eu questionar publicamente as O.N.G.s enquanto solução de qualquer coisa, todos os trabalhadores de O.N.G. vão entender que estão sendo chamados de maus revolucionários, boicotadores do soviete, vão brigar comigo, vão pôr meu pescoço a prêmio - de tudo isso eu até gosto - mas, o que é realmente chato: não vão mais me ouvir (sim, senhores, eu gosto muito de ser ouvida, já o sabeis!). Agora, não percam a paciência, não percam o compromisso com a interlocução, já vou terminar. O que vem é a cereja do bolo: Num dado momento, alguém perguntou para a palestrante: "Escuta, este seu projeto é de educação infantil, as crianças ficam até uns sete anos. Como se dá o prosseguimento desse trabalho pedagógico tão interessante?" - ao que a palestrante respondeu: "No Embu existe uma escola de primeiro grau semelhante, para onde os alunos são encaminhados, o "Projeto A'gora"... (Meu Senhor, porque que hoje em dia tudo tem que ter nome de projeto???). Bom, daí meu compromisso com a verdade (e uma certa inclinação natural para causar espanto e me divertir com isso) falou mais alto, então eu disse: "Eu conheço. Estudei no A'gora." HAHAHAHAHA!!!
Muito engraçado, depois o povo querendo saber mais coisa, dizendo que eu sou assim, que falo o que penso, é porque fui educada naquela fantástica pedagogia... Ué, mas isso não era ruim? Não era inconveniente? Agora fiquei moderna? Ah, que bom, então...
Bom, tudo isso é para mim muito divertido, mas já escrevi demais e não falei da minha crise. Tudo bem, acho que talvez dê pra adivinhar, ou supor. Depois eu falo melhor.
Tchau!