domingo, 7 de setembro de 2008

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!

Não vejo mais meus companheiros, então vou contar pra eles aqui em público, não tem problema, é até bom.
Estive em uma das discussões organizadas na campanha da Marta, as tais plenárias de educação. Escrevi no papel das identificações que era membro do "Coletivo de Educação Popular - Branca Alves de Lima", na falta de uma definição melhor. Ouvi bastante. A Luiza Erundina falou. A ex-secretária da Educação (provável futura secretária, também) falou. Alguns representantes sindicais, estudantis, alguns candidatos falaram.
Eu, apesar de cultivar grande admiração e respeito por pessoas presentes ali, como a ex-prefeita Luiza, e de ter chegado mesmo à comoção durante sua fala em diversos momentos, discordei de diversos pontos. E pedi a palavra, já que estava ali. O coordenador da mesa já havia avisado que só haveria tempo para a fala de sete pessoas, e abriu as inscrições. Eu fui a terceira a me inscrever. O coordenador leu a lista das sete pessoas que falariam - meu nome não estava nela. Levantei no lugar, olhei para a mesa, ameacei dar um grito, fui inserida na lista. Agora a lista tinha oito inscritos ( ???). Bom, as outras falas eram de pessoas importantes, representativas, vá lá...
Finalmente, peguei o microfone. Aí, fui falando. Comecei dizendo que era eleitora, militante e filiada ao Partido dos Trabalhadores desde os dezesseis - o que é verdade, lógico. Me apresentei como professora de geografia da rede municipal, isso também é verdade. Aliás tudo o que eu falei era verdade, pra encurtar, que assim já está parecendo que eu ia contar alguma mentira!
Então, falei que queria aproveitar aquele momento para dizer que, enquanto professora, não me sinto representada pelos meus sindicatos - isso foi divertido, porque a primeira fala tinha sido de um diretor do Sinpeem! Ele tinha dito que estava muito ansioso pela reabertura da mesa de negociação, que o Kassab fechou, etc. etc. etc. Aí, eu falei que participei ativamente da greve de 2006, que levamos as discussões político-pedagógicas para a população do Heliópolis, que havia questões da mais alta relevância para os caminhos da educação municipal e que tais questões, na ocasião, foram completamente colocadas em segundo plano pelo sindicato. Além disso, há um veto à palavra por parte do sindicato, não se pode ser ouvido nos momentos cruciais. Então, eu disse, se temos a preocupação em levar a cabo uma gestão democrática e popular, é preciso antes de tudo tomar o cuidado de saber quem são os nossos interlocutores. Aí, eu continuei muito séria, e falei que tinha ido até ali com uma preocupação principal. Disse que não sabia direito a que se referia a nossa secretária quando falou que o atual prefeito rasgou e remendou o estatuto do magistério, que eu não entendo nada de questões jurídicas, mas que na minha prática cotidiana observava pela primeira vez um aumento do controle sobre a presença docente na escola. Disse que acho algum controle necessário. Que não falava somente como professora, mas como ex-aluna que se prejudicou muito com as faltas de professores na rede estadual, e como mãe. Disse que se queremos ser democráticos, o primeiro interesse a ser contemplado é o do aluno, e que temos, sim, como educadores, que ver o que as pessoas pensam a nosso respeito. Disse que os sindicatos vão continuar dizendo que o problema não são as faltas, mas a contratação de novos professores. Perguntei onde estariam tantos professores para ser contratados. Enfim, disse que apesar de todo o horror que a atual gestão representa, e eu sei o horror que ela representa, temos que tomar o cuidado de não criticar ações que podem representar melhoras, de não fazer um contraponto pelo contraponto, sem reflexão. Agradeci a atenção e fui para o meu lugar. Ao meu lado, estava sentada uma professora da rede estadual, de Educação Física. Ela disse que a fala foi ótima, que eu consegui ser muito clara, e que na opinião dela eu havia dito as coisas mais importantes. Mas que, enquanto eu falava, a dirigente da Apeoesp que estava sentada em frente a ela sussurou com o candidato a vereador que estava a seu lado: "É a enviada do Kassab!"
É mole?

2 comentários: