domingo, 7 de setembro de 2008

Eu também vou fazer projeto!

Uma amiga minha acha que devemos procurar o historiador Eric Hobsbawm e sugerir que comece a escrever, seguindo a linhagem de A Era das Revoluções, A Era dos Extremos, A Era do Capital, A Era dos Impérios, um volume de história contemporânea com o título "A Era dos Projetos". Se isso é verdade em geral, no caso do fabuloso universo pedagógico chega a ser a única certeza possível... Então, parafraseando Raul Seixas, já que agora pra fazer sucesso, pra vender disco de protesto, TODO O MUNDO TEM QUE FAZER PROJETO, eu vou tirar meu pé da estrada e vou entrar também nessa jogada, quero ver agora quem é que vai güentar...


Comecei já esta semana mesmo. Queria fazer um grupo vocal, uma coisa muito modesta, mais uma chance de ter um respiro de humanidade no caos que significa a relação de trinta e cinco a quarenta educandos por educador, uma chancezinha de olhar no olho de cada um, fazendo algo que eles concordam que pode ser bom, mas ainda assim exige disciplina, dedicação, subordinação a uma autoridade legítima, essas coisas que a nosso ver podem fazer uma escola ser uma escola e não estão, nem de longe, presentes nas condições gerais do nosso cotidiano. Mas não tinha jeito - se quisesse começar, antes tinha que escrever um projeto - assim me informaram todos os meus superiores hierárquicos. Tá bom, quem sabe começando eu não aprendo, finalmente, o que querem essas pessoas todas do mundo dizer quando anunciam estar desenvolvendo seus respectivos "projetos", as expressões cheias de positividade, transmitindo a crença e a firme convicção de que a maior legitimidade existencial a que pode aspirar um ser humano está em ser o feliz elaborador, executor, ou mesmo avaliador de algum "projeto". Então, não tem problema, vamos também fazer projetos, os projetos substituem todos os paradigmas perdidos. Fiz o projeto, que afortunadamente foi aprovado e está em execução. E a partir de agora, só quero falar na linguagem universal dos projetos, não vou mais perder o bonde da história.

P.S.: Quanto ao coral, está muito divertido, até agora. Só meninas, um ou outro menino quer vir mas não tem coragem! No último encontro, o Gustavo da 5a. A ficou pendurado no muro, espiando a gente escondido...

Um comentário:

  1. Eu queria muito ver a cara desse Gustavo, mesmo.

    Você foi muito feliz quando escreveu "fazendo algo que eles concordam que pode ser bom", pois é bem isso que a gente precisaria para que eles aprendessem o mínimo, que nos deixaria com vontade de continuar tentando.

    ResponderExcluir