quinta-feira, 3 de julho de 2008

Um peso e trinta medidas

Estou desde o dia 11 de fevereiro lecionando Geografia. Preparei as aulas, elaborei uma apostila para os alunos da EJA, realizei avaliações, corrigi provas, contei falta por falta de cada aluno, sei dizer o que cada um fez (ou não) na sala de aula durante todo o semestre e tenho o quarto termo (final do ensino fundamental II para adultos e jovens fora da idade escolar) como um momento de achar que a justiça pode ser feita.
Mas está cada vez mais difícil fazer justiça.
Pois o caso era o conselho de classe de uma sala de quarto termo muito relapsa. Por falta das notas de História, algumas decisões, de alguns alunos, foram proteladas algumas vezes. Minha diretora (a presente-competente) chega e diz: "É para aprovar o fulano". Ooooooooooooooooh, que medo!
Primeiro uma breve explicação sobre quem é o fulano: um senhor de 56 anos, todo chavequeiro, metido a boa pinta, que canta tudo o que aparece pela frente; na sala de aula nunca teve o menor esforço para ler um texto, um mapa, uma imagem, uma pergunta, nada - desde o primeiro ano (ou antiga quinta série). Passou seus dias letivos no fundão com três garotas, trocando beijinhos, carícias e afins. Sempre foi muito constrangedor chamar a atenção deste sujeito. Mas fazia, evidentemente.
Então vem a diretora, alheia a tudo o que aconteceu em sala de aula, e diz uma coisa dessas...
Foi então que anunciei publicamente: "Só participarei de conselhos de classe quando as decisões forem tomadas pelos professores e digo mais, se não fizer diferença a nota de cada um, vamos abolir o diário de classe, eu não avalio ninguém, não faço chamada, só entro e dou minha aulinha e boa".
Mas a cereja do bolo foi ter que saber que a defesa foi somente em direção ao aluno e não em relação às ninfetinhas. O macho tem que passar e as fêmeas são reprovadas. Aí comecei a dizer que "a mulherada hoje está mais machista que nunca e descaradamente!". Aí foi silêncio e constrangimento geral.
Francamente!

4 comentários:

  1. Nossa! Que porcaria!
    E aí?
    Queremos saber o que mais aconteceu!!!
    Beijos

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  2. Resultado: hoje a direção "publica" no último dia letivo a tal lista do quarto termo eja. Todos foram aprovados, exceto os retidos por falta (que se matricularam e nunca apareceram). Depois de chamar as mulheres de machistas, resolveram aprovar todos e todas. Super pedagógica a resolução do conflito, não é mesmo?

    Já dei o aviso à coordenadora que, para EJA, a partir do próximo semestre, só vou dar aula e não participo mais de semana de avaliações. Pro regular farei as avaliações.

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