domingo, 29 de junho de 2008

Sobre a greve...

Os professores estaduais, através da última assembléia feita na Av. Paulista, mantêm a greve até a próxima sexta-feira, 04/07. Ela começou em 16/06, e o motivo maior foi a implantação de um decreto baixado pelo governador Serra que determina a obrigação de professores OFAs (ACTs – não concursados – ou melhor, as FOFAs, como me disse uma professora FOFA) passarem por uma avaliação anual para escolhas das aulas (hoje em dia, o critério de classificação é o tempo de serviço, onde quem tem mais pontos fica melhor colocado, mas com a prova, o critério mais importante será a pontuação de acertos na prova), e também regulamenta quais professores efetivos podem pedir remoção de uma escola pra outra ou se transferirem periodicamente (através do tal “artigo 22”) de sua escola sede pra outra.

Lógico que é sabido por qualquer um com o mínimo de consciência crítica, que o governo Serra tomou várias medidas que pioraram a situação da educação, como o fim da Bolsa Mestrado; proibição de sair com os alunos para quaisquer aulas-passeio, somente as que estivessem no planejamento da SEE – ex.: em comemoração aos 100 anos de imigração japonesa, poderíamos levar os alunos a museus com exposição sobre o tema; três anos sem aumento salarial; implantação de cadernos com aulas feitas e, em sua maioria, inviáveis para serem lecionadas com salas gigantescas; implantação de jornais para “recuperação” dos alunos em 40 dias, sendo que a progressão continuada (seria melhor, regressão pedagógica continuada) fez um estrago gigantesco de anos e anos e não seria em 40 dias que os alunos se recuperariam…; todo esse novo projeto educacional teve gastos exorbitantes para os cofres públicos. Enfim, tantos são os exemplos do sucateamento da educação desde o governo dos tucanos, e com piora no governo Serra. Tudo de nosso conhecimento e nossa desaprovação.

Mas, o que enraiveceu os professores ainda mais foi o tal decreto acima mencionado. E a greve começou por causa do decreto. A primeira bandeira da greve é a revogação do decreto.

Na rede estadual existem 230 mil professores com aulas e 17 mil eventuais. Dos 230 mil, 130 mil são efetivos e 100 mil são OFAs, pensem como a maioria dos OFAs ficou ao saber que tinha que fazer a tal “provinha”!! Muitos que estão no estado há mais de 15 anos e nunca se esforçaram pra estudar um pouquinho mais para passarem num concurso! Não é só esse o problema da educação estadual, mas é um dos problemas, com certeza. Por isso concordo com o decreto… Provas anuais sim e concursos periodicamente, pois contratar 100 mil de uma vez é inviável. Há no decreto também a questão das remoções, mas neste post prefiro me ater apenas à prova pra OFAs.

Convenhamos: PROVA PRA OFA?? UFA!!!!! Leiam o que achei numa comunidade de professores do estado de SP em que eu era persona non grata. Atentem para o domínio da concordância entre as palavras de uma professora OFA:

“25/06/2008
Vamos ser sincero, é o Fim da GREVE
Essa mudanças só beneficiaram os Efetivo.Foi decretado o fim dos OFAS, mesmos quem passar nessa prova não terá aulas.O estado fará concurso para carga horário de 10hs.Sendo assim, quem passar nesse concurso vai ficar com o restante das aulas.Existe escolas com 16,18 aulas e ñ é possivél formar cargo.As mesma antes ficava à Carga Suplementar e OFA. E agora adeus!Sou OFA, e estou extremamente afrita!”


Não sou nunhuma expert em português, mas isso que está acima é um absurdo!! A moça está “afrita”, e os alunos que têm aula com ela, fritos, coitados. Meu Deus! É demais! E essas peças sentem-se apenas vítimas do péssimo sistema educacional estadual!! Gritam, inflamados: “Temos que manter a união dos professores”!!! Não se sentem responsáveis e só culpabilizam o governo. São massa de manobra da APEOESP e de partidos ligados a este sindicato. As assembléias parecem mais comícios... Bandeiras de Conlutas pra cá, de CUT pra lá...

Não me sinto de lado nenhum… E ainda ouço que andam a falar de mim na escola: "Nossa, a F., contra a greve? Não acredito! Ela que deveria encabeçar a greve, é professora de História!!"... É mole? Estou perdida que nem cego em tiroteio. Não perdida com relação às minhas reflexões e convicções sobre a educação e sobre esses últimos dias de greve, mas perdida sem ter um sentimento de pertencimento a uma classe. É dureza. No entanto, fico bem melhor às quartas-feiras... Aí sinto que pertenço a um grupo, por menor que seja.

Vida longa às nossas quartas-feiras!!

2 comentários:

  1. Pois eu sinto a mesma coisa. Mesmo não sendo do Estado, me colocando no lugar de quem está sinto que é uma situação horrível. A minha filha estuda numa escola estadual que não está em greve e ninguém lá a menciona. Achei uma atitude sensata da escola não entrar, mas eles precisam divulgar a real situação da rede.
    Nós professores precisamos inventar outra maneira de protestar que não seja a greve, pois os mais prejudicados são os alunos (reposição não é a mesma coisa). Ninguém se comove com uma greve de professores, não gera prejuízo aparente para o mundo girar como nossos amigos dos transportes, das linhas de produção, etc.

    Que tal sequestrar um figura?
    Ahaha

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  2. Boa idéia!!! hahahaha...
    Eu arrumei algumas coisas neste post, poucas, leia de novo! Beijos!
    P.S.: Precisamos marcar um fim de semana, né?

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