segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Pedagogia do Palhaço

Só uma rapidinha, pra contextualizar... estou fora de sala de aula, provavelmente por dois anos. O blog tem o intuito de servir pra troca de experiências sobretudo de salas de aula do ensino público fundamental, mas eu vou continuar falando das experiências que tiver, ou através da minha filha, ou da experiência "acadêmica" mesmo, seja lá o que isso for.
Então, retomando as postagens: hoje conheci um rapaz na faculdade que tem uma formação pedagógica prática e autodidata (é claro, aprendeu também com seus pupilos, mas só tardiamente recorreu aos mestres). Ele é artista, e me falou coisas muito interessantes. Falou, por exemplo, que o professor é um ator, e que o ideal é que faça isso conscienciosamente. Eu pensei na personagem que, dando aulas na rede, construí - essa tal "professora Eulália". Lembrei do início da separação (parcial) entre eu e ela. Lembrei de quando ia encarar meus alunos totalmente sem máscara, e de como as conversas com profissionais mais velhos havia contribuído para, aos poucos, não me envolver tão visceralmente, tão sem mediação. Comentei com ele que tenho uma coleção de guarda-pós. Comentei também sobre quando, alguns anos atrás, uma professora mais experiente me aconselhou a não gritar, não vociferar - ou, ao menos, antes disso, observar os alunos com certo ar de desprezo, longamente, pois esta conduta provocaria reações mais interessantes, um aluno cutucaria o outro, o grupo sentindo que algo se esperava deles, mas tendo tempo, chance de tentar fazer algo para corresponder à expectativa, ao contrário dos berros, mais comuns e menos efetivos. Esse moço ficou assustado, e , ao que parece, não entendeu muito bem a estratégia. Disse em resposta uma frase muito forte:
***
"Se você vai criar uma personagem, ela tem que ser, PELO MENOS, um pouco melhor que você."
***
Mas o que mais me marcou foi ver o brilho que esse cara tinha nos olhos, quando falava do seu trabalho. Só não entrei em crise porque já estava desde antes... Vocês certamente me entendem.

2 comentários:

  1. Agora entendo melhor a questão do guarda-pó, como um figurino da sua personagem - a Eulália.

    TEm que ser personagem melhor mesmo, porque temos que seduzir...

    Branca

    ResponderExcluir