quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Primeiro dia de aula

Ontem foi o primeiro dia letivo da rede municipal de ensino da cidade de São Paulo. As crianças empoleiradas nas listas das classes, para ver com quem passarão os próximos 199 dias letivos, qual será a sala de aula, quem serão os professores... A G., da oitava série, minha aluna desde a quinta série, com a unha pintada de rosa cintilante; sua colega com máscara de cílios; os meninos com os tênis limpinhos...
Entro na sexta série ah, que não foram meus alunos na quinta série mas que já levaram muita bronca minha no teatro e principalmente no corredor das salas de aula. Eles me viam e saiam correndo [eu adorava isso!!!]. Paro na porta da sala, com cara de pouquíssimos amigos, como se dissesse: "Enquanto todos não se sentarem e ficarem em silêncio não entro!". E fui prontamente atendida. Finalmente eles teriam aula com a tal professora brava de Geografia. Os olhinhos deles brilhavam, muita expectativa depositada na figura do professor, que na maioria das vezes os decepcionam. Então me apresento, peço para que façam o mesmo, listo as regras da escola (elaborada pelo coletivo de professores e direção), depois listo as minhas regras, as cinco regras da aula de Geografia, eles ficam surpresos, e quando chego no ítem cinco, "proibido falar palavrões", espanto geral, explico também que as pessoas devem se tratar pelo nome próprio, que o respeito entre eles começa pelo chamamento e que vai até o modo como tocam o corpo do outro "meninas e meninos só podem tocar no corpo do outro se houver permissão e tem "certos toques" que não são permitidos na escola". Todos, todos deram uma risadinha no canto da boca, tipo "entendemos, não precisa dar exemplo".
Faço alguns testes para ver o que a anta do professor do ano anterior "ensinou", descubro que foram coisas com muita sequência lógica, tipo espaço geográfico, lixões, região, natureza... Pergunto: vocês sabem reconhecer as principais projeções cartográficas?, sabem localizar pontos na superfície terrestre através das coordenadas geográficas?... e nada. O mínimo não foi tratado, mas as questões que passam no Fantástico, ou então no Globo Repórter sim. Eles se desesperam, a ponto de elaborarem perguntas assim ó: "Mas a gente nunca vai poder saber isso que a senhora falou?". São acalmados.
Já estou empolgadíssima. Eles são muito fofos.

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