sábado, 1 de novembro de 2008

Halloween na Bahia

Ontem, as crianças da minha escola estavam em polvorosa com a data comemorativa. Eu, particularmente, recebi cumprimentos em quase todas as salas: "Feliz Halloween, professora!". A cada vez, respondia: "Obrigada, mas... vocês então estão me cumprimentando pelo dia das bruxas?" "Ai, professora, que que é isso?" e eu: "HAHAHAHAHA!!".
Bom, mas aí, como ser politicamente correto que sou, começava a previsível ladainha sobre a origem desta comemoração, sobre a maneira como tomamos contato com ela, sobre a compulsoriedade nem sempre percebida nesta influência cultural. Teve uma sala, a sexta cê, onde eu vivo muito brava, em que eu não resisti e comecei a fala assim: "É claro que eu também gosto de todas as festas, e tenho uma tendência a me sentir particularmente bem no dia das bruxas...", e eles "Aaaaaaaai! Por isso que ela tem aquela risada! Você já ouviu a risada dela?"
E como ser duas vezes politicamente correto que sou, logo em seguida passava a palavra para os alunos:
"Bom, como foi que vocês ficaram sabendo dessa festa?"
(resposta mais ou menos previsível: a televisão.)
"E como é, o que vocês sabem?"
Aí, eu caí do cavalo. Primeiro, a resposta padrão aparecia algumas vezes: "Doces ou travessuras", essa parafernália. Mas, na seqüência, vejam vocês:
"Meu pai disse, professora, que lá na Bahia, na noite do dia das bruxas, nasce uma criança metade gato-metade sereia!"
"E é verdade?"
"Claro que é verdade!"
"É nada!"
"Não, lá na Bahia, no Halloween, se uma menina nasce na família que tem seis meninas, nasce bruxa! Se for menino, e já tiver seis meninos, é lobisomem..."
E continuava.

Resumindo: achei bem chato ter que entrar de novo naquele registro todo politicamente correto, "dia do saci", protesto, tal. Por mim, a gente ficava mais uma semana tentando descobrir como que é o tal Halloween na Bahia. Só não foi mais chato porque no início da aula eu tinha sido meio frouxa, deixado os meninos ficarem de capuz - eu sempre azucrino até que eles tirem. Então, quando a aula estava terminando, eu completava assim: "Então, em homenagem ao saci, Bruno, Luan e Guilherme hoje resolveram ficar o dia inteiro de capuz!" HAHAHA!!!
Eles tiravam na mesma hora.

Um comentário:

  1. Na escola em que trabalho conseguimos trabalhar bem com as duas datas: em agosto teve uma gincana sobre o folclore, em que alguns alunos se fantasiaram de personagens como saci, curupira, sereia, etc. E agora a professora de inglês trabalhou o halloweem, mas meus alunos não conheciam praticamente nada dessa festa, só sabiam q existia. Foi bacana, mas quem mais se engajou foi a professora de inglês mesmo.

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